Trabalhista

O tempo gasto na troca de uniforme deve ser pago como hora extra?

Sergio Ferreira Pantaleão, especialista em direito trabalhista, fala sobre a troca de uniforme em empresas. Ele destaca que essa prática segue o artigo 456-A da CLT. Com a reforma de 2017, esse artigo foi incluído.

Agora, as empresas têm o direito de determinar como os empregados devem se vestir no trabalho. Para entender se a troca do uniforme conta como hora extra, devemos lembrar do artigo 4º. Esse artigo diz que o tempo que o empregado está à espera de ordens também conta como serviço.

Isso torna o tema de pagamento de horas extras durante a troca de uniforme crucial nos debates sobre direitos trabalhistas.

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A Reforma Trabalhista de 2017 trouxe muitas mudanças, incluindo na legislação trabalhista. Uma das mais impactantes foi sobre a troca de uniforme. Muda-se que essa ação não é hora extra, a menos que seja exigida pela empresa.

Porém, para algumas áreas, como frigoríficos, essa mudança não é tão clara. Pantaleão nota que em certos lugares, a troca de roupa é obrigatória no trabalho. Portanto, esta prática deverá ser bem controlada para evitar problemas legais relacionados ao trabalho.

Entendendo a relação entre troca de uniforme e jornada de trabalho

Saber como a troca de uniforme influencia a jornada de trabalho é essencial. Isso ajuda a seguir as leis trabalhistas. Também evita conflitos entre quem emprega e quem trabalha. As leis mudaram com a reforma trabalhista de 2017. Por isso, entender bem as regras sobre uso do uniforme no trabalho é muito importante.

O que diz a CLT sobre jornada de trabalho

A CLT traz orientações importantes sobre a jornada de trabalho. Um exemplo é o artigo 74, § 2º, que diz que empresas maiores precisam registrar os horários de seus empregados. Fazer isso ajuda a cumprir a lei e evitar problemas.

Um detalhe interessante é o artigo 58 da CLT. Ele fala que pequenos atrasos de até cinco minutos não contam como hora extra. A Súmula nº 366 do TST também afirma que isso vale para atrasos de até dez minutos por dia.

Definição de tempo à disposição do empregador

Segundo o artigo 4º da CLT, qualquer tempo em que o empregado fica à disposição do empregador é considerado serviço. Então, se a troca de uniforme é obrigatória na empresa, esse tempo deve contar na jornada.

Ainda há debate sobre esse assunto na justiça. Recentemente, por exemplo, o TRT-MG não chegou a um acordo sobre incluir esse tempo como trabalho efetivo. Apesar disso, a reforma de 2017 esclareceu que, em geral, o tempo da troca de uniforme não é considerado hora extra. Essa regra muda se a empresa exigir a troca.

Alguns especialistas, como Domingos Fortunato, defendem que a troca de uniforme deveria valer como tempo de trabalho só em certos casos. Como por exemplo, em serviços de saúde. Assim, é importante ter regras claras e comunicá-las bien aos funcionários.

A Reforma Trabalhista e o impacto nas horas extras

A Reforma Trabalhista de 2017 mudou muitas regras importantes. Essas mudanças vieram com a Lei 13.467/2017. Ela fez com que as regras sobre horas extras fossem revisadas. O objetivo era tornar mais fácil as relações trabalhistas.

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Alterações trazidas pela Lei 13.467/2017

A Lei 13.467/2017, ou Reforma Trabalhista, alterou mais de 117 regras da CLT e outras leis do trabalho. Uma das principais mudanças foi dar mais importância aos acordos entre empregados e empregadores. Isso permite ajustar as regras do trabalho de forma mais flexível.

Depois da reforma, não é mais obrigatório pagar a contribuição sindical. A jornada de trabalho também mudou, com flexibilidade sendo permitida. Agora é possível trabalhar até 12 horas por dia, mas com 36 horas de descanso depois, e foi criado o trabalho intermitente.

Exclusões específicas de contagem de horas extras

A Reforma Trabalhista excluiu algumas situações da contagem de horas extras. Por exemplo, o tempo de deslocamento até o trabalho não é considerado mais. Outro exemplo é o teletrabalho, que segundo o artigo 62 da CLT, não precisa ter o ponto registrado.

Pensando em evitar brigas na justiça, a reforma mudou também a regra do uso de uniformes. Se a empresa não exigir o uso, trocar de uniforme não conta como hora extra. Essas mudanças ajudam a deixar claro o que é ou não compensado como hora extra.

Regras uso uniforme trabalho na empresa

Segundo o artigo 456A da CLT, os empregadores devem definir como seus uniformes serão. Essas regras precisam ser simples e conhecidas de todos. Assim, evita-se qualquer confusão.

O empregador pode escolher o que vai no uniforme, como logos da empresa. Ele também cria as regras de como o uniforme será usado no trabalho.

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Obrigatoriedade da troca no local de trabalho

Em alguns casos, é necessário trocar de roupa no trabalho, como se for prescrito pelo empregador. Isso é especialmente verdade quando se usam EPIs.

A legistação considera o tempo de troca como parte do dia de trabalho. Isto vale se a troca for na empresa, como exigido por lei.

  1. Norma Regulamentadora 6 – Exige cumprir as diretrizes ao usar EPIs.
  2. Espaço adequado – É o dever da empresa oferecer um lugar apropriado para a troca.

Casos específicos que demandam troca obrigatória

Algumas vezes, trocar o uniforme é obrigatório. Por exemplo, em locais com substâncias perigosas, se espera que a empresa limpe os uniformes.

É importante definir direito situações em que o uniforme não deve ser usado. Assim, os funcionários sabem como agir.

AspectoResponsabilidade
Padronização do uniformeEmpregador
Higienização (em casos específicos)Empresa
Higienização (situações normais)Colaborador
Fornecimento de uniformesGratuito pelo empregador
Troca obrigatória no localDeterminação do empregador

Sabendo usar o uniforme de trabalho da maneira correta, ajudamos a fazer um local de trabalho mais seguro e eficiente. Isso tanto respeita as normas quanto a lei.

Decisões judiciais e jurisprudência sobre o tema

Há muitas discussões sobre o tempo para trocar de uniforme no trabalho. O TRT-3 criou a Súmula nº. 35, que fala sobre usar uniformes com logos de outras empresas. Isso pode violar o direito de imagem do funcionário. Um caso pode resultar em indenização por dano moral. Um Projeto de Lei quer adicionar 10% ao salário de quem usa uniformes com propagandas.

A falta de acordo em questões trabalhistas causa incerteza. Isso mostra a necessidade de leis como o Projeto de Lei nº. 1935/11 para resolver conflitos. Alguns tribunais ainda debatem se o uso forçado de uniformes com propagandas é abuso. Isso porque pode ferir o direito de imagem do funcionário. No Brasil, o assunto segue em destaque nas discussões.

Interpretações de tribunais regionais

Os tribunais de trabalho têm visões diferentes sobre a troca de uniforme. O TRT-2, por exemplo, vê o tempo gasto nessa troca como hora extra. Mas, a Lei 13.467/2017 mudou muita coisa, mexendo com o artigo 902 da CLT. Isso pode fazer com que o TST não tenha uma posição clara, aumentando a incerteza sobre o assunto.

Possíveis mudanças futuras na jurisprudência

A reforma trabalhista trouxe uma mudança importante: o tempo de troca de uniforme não conta mais como valido de trabalho, a não ser em casos específicos. Isso contribui para o aumento de processos judiciais de acordo com estudos. Seguir precedentes – decisões anteriores importantes como base – é uma ideia do Ministro Herman Benjamin. Isso pode tornar os julgamentos mais previsíveis e diminuir a quantidade de processos em juízo.

Responsabilidades do empregador e do empregado

As responsabilidades do empregador e do trabalhador sobre o uso do uniforme de trabalho são muitas. Elas são bem explicadas na legislação do Brasil. O Empregador deve dar equipamento de proteção de graça e em bom estado. Isso está na CLT, no Artigo 166. E, segundo o Precedente Normativo TST nº 115, ele também deve fornecer os uniformes.

O empregador precisa explicar direitinho como cuidar e usar os uniformes. Não é legal usar o uniforme fora do trabalho, a menos que o contrato diga o contrário. É o empregador quem decide quando é hora de trocar os uniformes com bom senso. Não existe uma regra fixa para isso.

A limpeza do uniforme, na maioria das vezes, é tarefa do trabalhador. Mas, se trabalhar com coisas perigosas, o empregador pode ter de limpar. O Artigo 456-A da CLT diz que o patrão escolhe o tipo de roupa de trabalho e paga por ela, como mostra o artigo 458.

Quando é para compensar horas, o lugar de mudar de roupa deve ser perto, para evitar horas extras. O trabalhador tem que seguir o que a empresa manda sobre trocar de roupa no tempo certo.

E se algum uniforme se estragar por culpa do trabalhador, o empregador pode tirar do salário só o que for justo. Tudo isso ajuda a manter um ambiente de trabalho bom para todos, com comunicação clara.

Possíveis controvérsias e soluções práticas

Para evitar problemas sobre regras de vestimenta no trabalho, os chefes precisam ser claros com seus funcionários. O Artigo 456-A da CLT diz que o empregador escolhe como todos devem se vestir no serviço. Isso precisa ser bem explicado para todos.

As empresas também devem cuidar para que os uniformes sejam iguais para todos. Elas devem dar e trocar as roupas que estragam com o uso. A CLT também manda que elas paguem pelo uniforme novo, o que evita brigas sobre dinheiro.

Como evitar litígios trabalhistas

Pra não ter problemas com as roupas do trabalho, conversar é o melhor jeito. As companhias devem deixar bem claro o que é permitido e o que não é. Assim, não tem como os funcionários dizerem que não sabiam.

É importante ainda que trocar de roupa não conte como horas a mais de trabalho. A não ser que essa troca seja obrigatória na empresa.

Também é bom lembrar que as regras de como se vestir têm que ser justas com o salário que cada um recebe. Convenções coletivas não podem tirar direitos, como a paga pelo tempo da troca de roupa. Usar um dress code específico precisa vir com o compromisso de cobrir os custos, assim todo mundo entende bem.

A seguir, um resumo das responsabilidades e possíveis controvérsias, com soluções práticas para minimizar riscos:

ResponsabilidadePossível ControvérsiaSolução Prática
Fornecimento do uniformeCobrança do custo aos empregadosEmpregador deve arcar com os custos, conforme CLT
Padronização do uniformeImposição de cores e logomarcasDocumentar e comunicar requisitos claramente
Troca de uniformeCálculo de horas extrasEstabelecer regras claras para marcação do ponto
Higienização do uniformeResponsabilidade do empregadoFornecer ajuda de custo em casos especiais

Conclusão

A legislação do trabalho, no Brasil, ajuda os chefes a controlarem o uso de uniformes. Eles precisam explicar direitinho como usar o uniforme. Assim, tratam os funcionários com respeito, mantendo a aparência da empresa bonita. Usar corretamente o uniforme é muito importante.

A Lei 13.467/2017 mudou as regras sobre horas extras ao trocar de roupa. Apesar de algumas leis serem diferentes, hoje em dia, é melhor a empresa deixar tudo explicado. Isso faz com que o local de trabalho seja mais tranquilo e sério.

A empresa deve ser clara em suas regras de vestimenta. Os funcionários devem obedecer a essas regras. O sucesso dessas regras não está só em seguir a lei. Depende também de ajudar a empresa e os funcionários.

É importante ficar de olho nas leis que mudam. Assim, a empresa pode ser justa e trabalhar bem.

DÚVIDAS FREQUENTES

O tempo gasto na troca de uniforme deve ser pago como hora extra?

A questão é complexa. Se a troca de uniforme não é exigida pela empresa, então esse tempo não conta como trabalho. Isso significa que não deve gerar horas extras. Porém, se a empresa pede para trocar e isso acontece no local de trabalho, pode ser visto como tempo de trabalho extra.

O que diz a CLT sobre jornada de trabalho?

A CLT diz que jornada de trabalho é o tempo em que você está pronto para trabalhar. Isso inclui esperar por tarefas ou cumprir ordens. Não entra nesse cálculo o tempo para colocar o uniforme, a menos que a situação seja especial.

O que é considerado tempo à disposição do empregador pela CLT?

A CLT define tal tempo como quando o empregado está pronto para trabalhar. Isso inclui qualquer momento de espera ou execução de tarefas. Também conta o preparo ou encerramento das atividades conforme pedido do empregador.

Quais foram as alterações trazidas pela Lei 13.467/2017 sobre horas extras?

A Reforma Trabalhista, pelo Lei 13.467/2017, mudou a CLT nesse ponto. Adicionou que, se a empresa não obriga a troca de uniforme, esse tempo não conta como trabalho. Assim, menos horas extras são geradas.

Quais são as exclusões específicas de contagem de horas extras pela Reforma Trabalhista?

A Reforma Trabalhista deu algumas exceções sobre horas extras. O tempo para trocar uniforme e para descanso ou comida não conta como trabalho. Também não conta se o empregado se desloca fora do trabalho e isso não é exige pela empresa.

A troca de uniforme deve ser realizada obrigatoriamente no local de trabalho?

A troca no trabalho depende das regras da empresa. Se exigem troca lá, então a empresa precisa prover o local adequado. Essa é uma responsabilidade dela.

Existem casos específicos que demandam a troca obrigatória no local de trabalho?

Sim, certas áreas, como as que usam EPIs, às vezes precisam trocar no trabalho. A NR6 pode forçar isso para proteger os trabalhadores.

Quais são as interpretações de tribunais regionais sobre o tempo gasto na troca de uniforme?

Os tribunais não veem tudo da mesma forma. Alguns acham que trocar uniforme conta como trabalho extra. Porém, outros concordam com a Reforma Trabalhista, exceto em certos casos especiais.

Quais são as possíveis mudanças futuras na jurisprudência sobre o tempo de troca de uniforme?

Como novas leis sempre aparecem e tribunais podem ver as coisas de jeitos novos, a situação pode mudar. Por isso, é sempre bom ficar de olho nas decisões recentes.

Quais são as responsabilidades do empregador em relação à troca de uniforme?

Cabe ao empregador deixar tudo sobre o uniforme bem claro. É importante dizer se a troca é só no trabalho. E ele tem que garantir um lugar certo para trocar e que isso não cause horas extras.

Quais são as responsabilidades do empregado em relação à troca de uniforme?

O empregado precisa obedecer às regras da empresa sobre o uniforme. Deve trocar no lugar e hora que mandam, seja na empresa ou em casa se for preciso.

Como a empresa pode evitar litígios trabalhistas relacionados à troca de uniforme?

Para fugir de problemas na justiça, a empresa deve explicar bem suas regras de uniforme. Todos os funcionários precisam saber. É importante também registrar direitinho o horário e permitir um tempinho extra para a troca.

Gilberto Vassole

Advogado atuante na área do Direito Previdenciário, Trabalhista e Direito Empresarial. Membro efetivo da comissão de direito do trabalho da OAB/SP, Pós Graduado e Mestre em Processo Civil.

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